quinta-feira, 6 de outubro de 2011

DANI


Ao ouvirmos Evelyn Glennie refletir sobre a percussão, e sobre a relação do músico e do ser humano com o instrumento e a música, descubrimos as infinitas possibilidades de expressão emocional através da melodia e da vibração! Sendo Glennie surda, é ainda mais impressionante a ligação que mantém com a música e a forma como explora os sons. É esta mesma vontade de explorar e experimentar fontes e formas sonoras que influencia e motiva o Danny na sua imparável e muito criativa procura de novas origens de sons percussivos. Em 2007, Danny procurou aliar a sua experiência enquanto músico autodidata ao seu ofício de serralheiro, resultando dessa combinação improvável várias possibilidades de criação de som e música através da manipulação de objetos, que poderiam eventualmente transformar-se em instrumentos musicais não convencionais. Começou, assim, por utilizar os mais variados utensílios − como peças de máquinas de lavar, barris de cerveja ou boias d’água − e por dar-lhes forma, aprimorando as suas qualidades harmónicas, ampliando as capacidades de extração sonora e melódica, metamorfoseando o que aparentemente seria lixo e sucata em instrumentos percussivos atípicos, únicos e inéditos! Foi deste modo que nasceu a bateria usada pela sua banda, os Forgotten Roads − que com o seu aspeto futurista, adequa-se visualmente, na perfeição, à música psicadélica do grupo −, e uma série de instrumentos (como a gigantesca antena parabólica, que deu origem ao majestoso e grandioso gongo, que emite sons megalómanos, colossais e surpreendentes) que compõem a sua fábrica. Tudo, desde tubos pvc, bocas de fogão, ou canas, objetos comuns do nosso quotidiano, são usados na experimentação e incessante descoberta sónica do Dani, que sendo mais do que um simples artesão, ou um músico convencional, é um experimentalista, um grande alquimista da música! Movendo-se num terreno de exploração de possibilidades acústicas e sonoras, o seu esforço afigura-se singular e louvável num contexto musical regional que, marcado pela tradição, sempre se revelou tendencialmente fechado, monolítico e pouco permeável a novas linguagens.











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